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Traços e destraços


Passei dias longe do meu teclado, papel, caneta. Fiquei longe de tudo que eu pudesse escrever. Ficamos eu e minhas ideias, meus planos, minhas metas e minhas possíveis mudanças nesses planos, nessas metas. Tem dias em que não me encontro e nessa busca de quem sou me deparo comigo mesma. Escrevendo é que me encontro. Não sei o motivo de eu querer me encontrar em outras coisas, pois é aqui, e só aqui, que talvez saiam as coisas mais sem sentido do mundo, mas que fazem todo o sentido pra mim. Eu mudo antes de toda feira de exposições, estranho, estranho como eu. Eu me perdi, mas é ao se perder que, mesmo no desespero de se estar perdido, vemos a graça de conhecer novos lugares. Eu não preciso me encontrar, estou em mim, eu só havia me esquecido em algum canto, talvez seja na bagunça do meu quarto, talvez, até, tenha me deixado cair numa lombada sem frear, talvez eu tenha me esquecido dentro de algum livro, como um marcador de páginas, ou eu esteja mesmo pirando. É bom termos pessoas que nos lembrem quem nós realmente somos. Comece pensativo, termine sorrindo.

Como um pião


Existem mais coisas na vida, mais dias nascendo, mais domingos preguiçosos, mais chuvas de verão, mais grama pra gente sentar... Existe tanta coisa boa, tanto pôr do sol, tantas estrelas nesse céu. Existem tantos sentimentos e pessoas, tantos pensamento e ideias. Existem tantas casas, tantas ruas, e quando vai se retirando o zoom, por fim estamos no meio de um mundo gigantesco. No meio do verde com azul. Será mesmo? No meio de uma gigante bola, que perto de outras coisas é tão minúscula. Existem, será, pessoas com essas questões sem nexo nesse mesmo momento? E essa música de casal apaixonado? Fala sério locutor! Já está tarde e eu não precisava pensar nisso hoje. Gente que quer entender gente, essa sou eu.  E estou aqui, dentro de uma casinha, que por sinal, precisa de muito zoom para ser vista dessa ferramenta assustadora, que pode estar me fotografando em qualquer segundo. E agora esse zoom fica aumentado e diminuindo constantemente em minhas ideias. E nossa, é mesmo assustador. Quem você é? Então... Quem sou eu? No meio, no canto, ou sei lá em que parte estou disso tudo. Sou alguém igual a alguém nessa infinidade, ou como várias pessoas, pois existem tantas. Será possível tantos modos de ser diferente? Nem devem existir. Alguém pode estar fazendo a mesma coisa que eu nesse momento. Alguém pode estar, feito eu, planejando um sonho difícil de acontecer, pois sonhar coisas difíceis é mais interessante. Alguém pode estar agora dando um último suspiro enquanto eu inspiro. E isso me assusta, caramba, é tanta gente! Quantas historias existem em um caixão, no meio daquele cemitério enorme? Que coisa estranha, é  tanta gente, tanta historia, tanto amor, e outros sentimentos, e a gente sente igual , mas de forma diferente. Mas são tantas.. Será que não existe um padrão? Então qual o motivo de sermos todos iguais, já que somos diferentes. Ou não somos? Esconde o melhor de mim, que talvez nem chegue perto do melhor de alguém, que é melhor que eu, e nem precisa ser no coração, pode ser num pedaço de papel, numa caixa enfiada no guarda roupa, pode ser num sapato, numa canção, numa frase, mas esconde.. se existir.  Se todas as pessoas são iguais, qual é o motivo de começar tudo de novo, e chegar ao mesmo ponto? Ou será que não são iguais? E as pessoas brilhantes, como se tornam brilhantes? O que elas fazem pra que isso aconteça? Na verdade, todos nós somos brilhantes, do nosso jeito, aos olhos de alguém.