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A chuva do início ao fim



Nunca gostei de reler diários, agora mal gosto de reler estes textos. Visualizar toda vez a mesma página, não é o mesmo que olhar no fundo dos olhos. Hoje um caderno no fundo do armário me disse olá, enquanto eu pensava se seria possível que aquela promessa ainda estivesse em pé, o óbvio respondeu-me não. Anos pareciam muito, mas quando comparados a uma promessa de pra sempre não eram nada. Se você vira a página e o vento a sopra novamente ao mesmo lugar você para de ler no vento ou re-lê com mais atenção? Toda vez que chove, que molha, que venta, ele rola a página na parte que, justamente, não se quer ler. Então não liga, mas liga. O que se faz quando não se pode fugir desse labirinto, encara de frente ou fica dando voltas como a terra ao redor do sol? Quando se constrói algo bonito, o mesmo se eterniza, mas não sei se essa chuva é minha ou de tantas outras pessoas, que gostam e que também a sentem em outras companhias e em outros lugares de madrugada. Tô pensando em ir pra um campo distante, eu e um café, e só, um livro, talvez, só.
Enquanto tomo a substância favorita da manhã, o destino parece rir da minha cara. Talvez eu não te conheça, não saiba sua comida favorita, sua banda favorita, talvez eu não saiba mais nada. Então me dou conta que a página azul, diz que nem amigos somos. A vida faz mais sentido pra quem não fica procurando um sentido nela, já as palavras, como é terrível não saber o sentido daquilo e as vezes nem existe um, eu gosto das entrelinhas, mas é tão bom um texto direto, ir direto ao assunto, direto ao ponto. Chegou o dia e a hora, o tempo certo de desatar nós, a conversa teve ponto final, o destino disse que é o fim e mesmo que eu não esteja pronta pra isso, é necessário.